domingo, 11 de junho de 2017

Proposta III- Memória Descritiva

Introdução

A presente memória descritiva foi realizada no âmbito da Unidade Curricular de Design e Comunicação Visual, da licenciatura de Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria e Multimédia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Este último projeto consistiu na elaboração de uma infografia. Nesse sentido, a proposta encontra-se dividida em quatro fases essenciais. Numa primeira fase, foi elaborada toda a componente teórica onde foi executada uma análise bibliográfica detalhada e minuciosa. Seguidamente, iniciámos um processo de recolha e seleção das principais imagens (principalmente infografias) que se assumiram como modelos de inspiração. Numa terceira fase, procedemos a uma recolha, seleção e análise dos principais dados a serem, posteriormente, integrados no projeto. E, em última instância, iniciámos a construção da infografia, recorrendo ao programa Adobe Illustrator. No que diz respeito à estrutura da presente Memória Descritiva, optou-se, num primeiro momento, por expor a componente teórica do projeto. Em seguida, foram apresentadas as razões que estiveram na origem da escolha do tema, bem como algumas infografias que nos auxiliaram no processo de idealização do nosso projeto. É de salientar que estes dois tópicos foram inseridos na fase pré-produção. Posteriormente, fundamentámos e argumentamos sobre todas as opções tomadas, ao nível da infografia, na concretização gráfica e visual da proposta. Por fim, foi elaborada uma conclusão, na qual são indicadas as principais dificuldades encontradas durante o processo de elaboração do projeto, assim como, a nossa perspetiva sobre o trabalho alcançado.

Perspetiva Teórica

(anteriormente postada neste blog)

Fase de Pré- Produção

A fase pré-produção faz referência a todo o processo de inspiração, assim como de recolha de informação, isto é, trata-se de todo o processo precedente ao momento de concretização propriamente dito. Nesta fase ficou decidido o tema da infografia, os dados a serem inseridos, bem como, foi feita uma recolha de imagens de inspiração.

Escolha do Tema

O tema tratado pela nossa infografia é a saúde mental. Uma questão “tabu” para a sociedade do século XXI, que se afirma tão moderna e atual, porém ainda visiona este tema com um certo preconceito. Como estudantes de jornalismo, sabemos que o propósito de um jornalista passa por apresentar a verdade dos factos, bem como, por expor realidades que, muitos vezes, passam despercebidas ou então são omitidas aos olhos da opinião pública. A saúde mental e as doenças do foro psicológico são um desses casos. Apesar dos estudos mostrarem constantemente que as doenças mentais são uma realidade cada vez mais notória e para a qual à solução, ainda há quem prefira esconder ou afirmar a inexistência das mesmas. Falar sobre isto é a melhor forma encontrada para derrubar o estigma e, é este o propósito da nossa infografia. Quebrar barreiras e informar as pessoas sobre a dimensão do problema são as finalidades que pretendemos concretizar. Em suma, a complexidade do tema e a desvalorização que o mesmo é alvo sistematicamente foram os motivos que impulsionaram à escolha desta temática.

Material de Inspiração Recolhido

(anteriormente postado neste blog)

Infografia Jornalística e Interpretação



Antes de mais, tornou-se fundamental referir que a infografia se encontra dividida em dois momentos: num primeiro momento, foram apresentados dados referentes a Portugal; enquanto que, num segundo momento, estão dispostos dados estatísticos referentes à população europeia e mundial. Tal ordenação da informação tem como finalidade promover uma melhor organização e, simultaneamente, um maior encadeamento dos dados. Iniciando agora uma análise detalhada e pormenorizada das opções gráficas e visuais tomadas, importa destacar que:

  1. O cérebro foi o elemento visual eleito como imagem primordial da infografia. Tal escolha prende-se pelo facto do mesmo ser habitualmente reconhecido como o ícone principal associado à saúde mental. Ou seja, assim como é estabelecida a ligação do coração com problemas cardiovasculares, também é estabelecida uma relação entre o cérebro e as doenças do foro mental.
  2. “Let’s Talk” foi o título atribuído à nossa infografia visto que transmite na perfeição os propósitos vinculados ao nosso projeto: “falar sobre” sobre a saúde mental e derrubar o estigma. Optou-se por ingressar uma citação sobre o tema de forma a contextualizar e a introduzir o observador na dinâmica da infografia, assim como, sintetizar a mensagem da mesma. A frase selecionada foi proferida por Bill Cliton - “Mental illness is nothing to be ashamed of, but stigma and bias shame us all”.
  3. O 1º dado afirma que “Portugal é o país da Europa com maior taxa de depressão”. Considerou-se pertinente ser introduzido este dado como primeiro dado pelo facto de ser uma informação objetiva e direta. Em termos visuais, optou-se por utilizar como símbolo gráfico uma medalha que remetia, inevitavelmente, para o dado.
  4. No 2º dado – “1/3 da população portuguesa sofre de depressão” – a palavra “depressão” foi substituída por elementos visuais como a nuvem cinzenta e um trovão. Tal representação é explicável pela frequente associação destes elementos com as emoções experienciadas durante a depressão como: a tristeza, a angústia, o desânimo, a desmotivação e a frustração. Evidenciase, ainda, que se optou por inserir ícones do sexo masculino de forma a simplificar a linguagem na medida em que os três ícones ilustram a informação “1/3 da população portuguesa”.
  5. No 3º dado – ¼ portugueses sofre de ansiedade – importa destacar que o mesmo foi alvo de uma abordagem simplista e semelhante ao do dado anterior.
  6. O 4º dado constitui um gráfico referente ao número de suicídios em Portugal Continental entre o período de 2010 e 2014. Como se pode constatar, esta realidade tem vindo a aumentar com o passar do tempo. Em termos visuais, considerou-se oportuno colocar os dados num gráfico de forma a promover uma melhor visualização da informação e, consequentemente, facilitar a apreensão e análise da mesma.
  7. Quanto ao 5º dado, este trata-se de um conjunto de dois mapas de Portugal que procuram comparar a taxa de suicídio entre homens e mulheres no país. O gráfico da esquerda refere-se ao sexo feminino e o da direita ao sexo masculino. De forma a facilitar a leitura do dado, definiu-se que quanto maior fosse a taxa de suicido na região em causa, maior seria a tonalidade da cor. Deste modo, tal como é percetível, em ambos os sexos, o Alentejo é a região com maior taxa de suicídio, seguindo-se o Algarve.
  8. No 6º dado, optou-se por utilizar ícones distintivos do sexo masculino e feminino de forma a reforçar a distinção que pretendíamos. Assim, neste dado mostramos que, apesar de ser o sexo masculino quem detém uma maior taxa de suicídio em Portugal, são as mulheres que sofre em maior número de problemas relacionados com a saúde mental e que, por sua vez, toma mais fármacos relacionados com essas doenças (antidepressivos, etc.);
  9. No 7º dado, foi desenhada uma senhora idosa uma vez que se pretende demonstrar que é a faixa etária acima dos 65 anos que tende a ser mais afetada por doenças mentais. Para além disso, importa referir que, apesar de não estar mencionado na infografia, é na idade idosa que, em Portugal, se verifica a taxa de suicídio mais elevada.
  10. O 8º dado como aborda o consumo de fármacos associados a estas doenças, optou-se por desenhar uma caixa de medicamentos com o propósito de fornecer ao leitor, enquanto visualizador da informação, uma noção mais rápida e eficaz daquilo a ser tratado.
  11. O 9ºdado faz referência ao número aproximado de pessoas (322 milhões) que estão diagnosticados com depressão no mundo inteiro. Optou-se, assim, por colocar a informação em torno do mundo. É de referir que foi posto em prática neste dado uma das técnicas ensinadas ao longo deste semestre – a tipografia – visto que o contorno do mundo foi substituído com a informação.
  12. No 10º dado, com a finalidade de facilitar a leitura do observador e, assim, imprimir um maior dinamismo ao dado, diversas palavras foram substituídas por elementos visuais. Esta técnica aplicada designa-se por frases com imagens pictográficas.
  13. Por fim, o 11º dado consiste num mapa da Europa que apresenta informações sobre a taxa de suicídio nos países da União Europeia, em 2012. Neste gráfico optou-se, mais uma vez, por fazer um gradiente de cores de modo a destacar os diferentes graus de suicídio nos vários países. Posto isto, as cores mais escuras e fortes rementem para países como a Lituânia e a Hungria, os países cuja taxa de suicídio é maior, e cores mais claras e suaves encontram-se na Grécia, na medida em que é o país onde a taxa de suicídio é menor.

Cor

Quanto à cor, optou-se por tonalidade mais neutras e por uma paleta de cores bastante reduzida. Isto deveu-se, sobretudo, ao facto de a infografia e a leitura da visualização de informação exigir simplicidade para que os dados sejam devidamente apreendidos e a informação ocupe um lugar acima da estética. Para além disso, o próprio tema exigia esta seriedade no trabalho, não devendo, por isso, ser representado com cortes vivas e diversificadas. O azul, presente em todos os elementos visuais, constituiu a nossa escolha na medida em que respeita todos os princípios anteriores e se associa, genericamente, à saúde.

Conclusão e Discussão do Resultado Final

Antes de mais, enfatizámos o nosso agrado com o trabalho concretizado. No nosso entender, finalizamos a nossa viagem pelo mundo do Design “em beleza”, com um sentimento de “missão cumprida” e satisfeitas com trabalho alcançado. Sempre pensámos que este último projeto – infografia -, seria o mais difícil e complicado, no entanto revelou ser o mais acessível e prazeroso. Deste modo, destacamos dois fatores que considerámos que foram determinantes para o sucesso do trabalho: em primeiro lugar, a concordância imediata com o tema e a vontade “jornalística” de retratar algo tão ignorado na sociedade portuguesa imperou e contribuiu, assim, para o êxito do projeto; em segundo lugar, a distribuição coerente de tarefas que culminou numa organização estruturada. Como se pode constatar: numa primeira fase, optámos por desenhar todos os dados numa folha, consistindo numa etapa de exploração essencial para a construção do projeto na medida em que permitiu que cada elemento contribuísse com as suas ideias; posteriormente, foi atribuída a cada elemento a realização no Illustrator de um x números de dados. E, por fim, após a concretização de todas estas etapas, partimos para a idealização do projeto final, onde em conjunto deliberamos sobre a paleta de cores a ser empregue, o tipo de letras a ser utilizado, entre outros aspetos. Ou seja, como se pode comprovar todos estes procedimentos permitiram um envolvimento total dos elementos o que, consequentemente, incutiu um maior sentido de disciplina no trabalho.
Porém, também nos debatemos com alguns contratempos. É de salientar que durante a fase de construção tivemos dificuldades na escolha do tipo de cores a serem utilizadas, bem como, no fundo que iriamos aplicar na medida em que este último projeto se dissocia muito dos anteriores. Por exemplo, enquanto nos últimos, optámos por utilizar cores vibrantes e diversificadas. Este, dada a seriedade do tema, implicou uma abordagem completamente diferente e, foi neste sentido, que nos debatemos com mais dificuldades. Ultrapassadas as dificuldades importa reforçar que finalizámos este projeto conscientes da importância da infografia jornalística no campo da comunicação uma vez que proporciona uma simplificação da informação e, por conseguinte, uma exequível interpretação e análise dos dados por parte dos leitores.

Bibliografia

  1. Mesquita, Francisco (2014) “Comunicação Visual, Design e Publicidade”, Editora media XXI, Lisboa
  2. Cairo, Alberto (2008) “Infografía 2.0: visualización interactiva de información en prensa”, Alamut, Madrid
  3. Peltzer, Gilles (1991) “Jornalismo Iconográfico”, Edições 70 Arte & Comunicação, Lisboa
  4. Smiciklas, Mark (2014) “the Power of Infographics”, QUE, United States of America


Netgrafia

https://pt.slideshare.net/tattianat/histria-da-infografia-jornalstica-fundamentos

Rodrigues, Kelly De Conti e Biernath, Carlos Alberto Garcia (2015) “História da infografia: da mera ilustração à valorização narrativa”, São Paulo, in: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:tk7pkAeN2ZkJ:www.uf rgs.br/alcar/encontros-nacionais-1/encontros-nacionais/10o-encontro-2015/gthistoria-da-midia-audiovisual-e-visual/historia-da-infografia-da-mera-ilustracaoa-valorizacao-narrativa/at_download/file+&cd=2&hl=pt-PT&ct=clnk&gl=pt


Proposta III - Infografia Jornalística