“As imagens converteram-se, então, em escrita, que fixava de tal
maneira o pensado e o falado, que o representava uma e outra vez sem
limitações, que fazia possível a leitura”.
Perante toda a identificação e
distinção entre os vários elementos básicos da comunicação visual anteriormente
discriminados, é nos possível afirmar que estes são, de facto, a base da imagem
e a base da composição visual, dinamizando todo o processo de comunicação.
Ainda assim, o uso e conhecimento
destes elementos por si só não são suficientes para que seja possível realizar,
de forma clara, uma “descodificação da mensagem pelo recetor que vá de encontro
ao que o emissor quis dizer” (Mesquita, 2014: 15). Para que isso seja feito de
forma eficaz, é indispensável o domínio de uma série de regras orientadoras.
Essas regras, habitualmente denominas como “Técnicas da Comunicação Visual” não
devem limitar a criatividade do designer,
mas sim orientá-lo no seu processo de criação.
Tal como Mesquita mencionou
(2014), uma analogia que expressa na perfeição a realidade deste efeito é a
culinária. “Não basta termos os ingredientes para cozinhar um bom prato. Existe
todo um conhecimento e um ritual de preparação que um bom cozinheiro domina e
que faz a diferença no resultado final, comparativamente com um simples curioso
da cozinha” (Mesquita, 2014: 15).
Neste sentido, analisaremos daqui
em diante essas mesmas técnicas de comunicação visual. Assim, para que haja um
fio condutor entre conteúdos, também nesta secção serão utilizadas as técnicas
mencionadas por Donis A. Dondis, no ano de 1991: equilíbrio/ instabilidade,
simetria/ assimetria, regularidade/ irregularidade, simplicidade/ complexidade,
unidade/fragmentação, economia/profusão, minimização/ exagero, previsibilidade/
espontaneidade, atividade/ estase, sutileza/ ousadia, neutralidade/ ênfase, transparência/opacidade,
estabilidade/variação, exatidão/ distorção, planura/ profundidade,
singularidade/ justaposição, sequencialidade/ acaso, agudeza/ difusão e
repetição/episodicidade.
Equilíbrio/ Instabilidade
A obtenção do equilíbrio é um dos
princípios mais importantes da vida humana e, inerentemente, da comunicação
visual. Este ocorre quando “existe uma compensação entre todas as forças
envolvidas na composição e quando o peso visual está devidamente distribuído
pelo espaço” (Mesquita, 2014: 39). Pelo contrário, a instabilidade refere-se à
ausência de equilíbrio, ou seja, quando algum elemento da imagem é visualmente
mais pesado e denso.
Simetria/ Assimetria
A simetria é uma das formas de se obter o
equilíbrio. Trata-se de “uma formulação visual totalmente resolvida, em que
cada unidade situada de um lado de uma linha central é rigorosamente repetida
do outro lado” (Dondis, 2015: 142), contrariamente à assimetria em que os dois
lados dessa linha imaginária não coincidem.
Regularidade/ Irregularidade
A regularidade, numa linguagem característica
do design, implica o desenvolver de uma espécie de sequência, cuja ordem se
baseia “em algum princípio ou método constante e invariável” (Dondis, 2015: 143).
Por sua vez, a irregularidade é inesperada e não obedece a nenhuma estrutura
sequencial devidamente organizada.
Simplicidade/Complexidade
A simplicidade trata-se de uma
técnica visual livre de elementos muito densos, onde reina, essencialmente, a
elementaridade. Por sua vez, a complexidade implica a existência de diversos
elementos de comunicação em simultâneo, frequentemente sobrepostos. Deste
processo resulta uma difícil interpretação por parte do recetor, isto é, um
“difícil processo de organização do significado” (Dondis, 2015: 144).
Unidade/ Fragmentação
Tal como a denominação assim
indica, a unidade é a associação de diversas unidades que, juntas,
harmonizam-se de tal forma como criam uma única unidade completa. Por sua vez, a fragmentação é exatamente o
processo inverso, isto é, trata-se da segmentação de uma unidade em diversos
elementos que podem relacionar-se entre si, mas que assumem de forma individual
a sua identidade.
Economia/ Profusão
A economia trata-se de uma
disposição visual moderada e organizada, onde os elementos da comunicação
visual são devidamente pensados, de modo a que não se caia num exagero.
Literalmente, é feita uma economia dos elementos, enfatizando, segundo Dondis
(2015), o conservadorismo e a pobreza. Pelo contrário, a profusão é carregada
de detalhe, associando-se então à riqueza da composição.
Minimização/ Exagero
O único aspeto que distingue
estas duas técnicas das técnicas anteriores é, exclusivamente, o contexto em que
ocorrem uma vez que, apesar de servirem fins semelhantes esses ocorrem em diferentes
contextos. A minimização procura, através de elementos de comunicação visual
muito simples, captar a totalidade da concentração do recetor. Por sua vez, o
exagero deve abusar de elementos de comunicação visual “ampliando a sua
expressividade para muito além da verdade” (Dondis, 2015: 147).
Previsibilidade/ Espontaneidade
Tal como os termos indiciam, a
previsibilidade associa-se a algo que seja passível de se adivinhar à priori,
caindo assim no convencional; já a espontaneidade é uma técnica livre e aparentemente
desorganizada que dá a entender que houve uma falta de planeamento.
Atividade/ Estase
A atividade associa-se ao
movimento e ao dinamismo. Por sua vez, a estase remete-nos para o imóvel e para
o bloqueio. Esta é feita através do equilíbrio absoluto apresentando assim um
efeito de tranquilidade.
Sutileza/ Ousadia
Segundo Dondis, a sutileza é a
técnica que deve ser escolhida de modo a fugir “a toda a obviedade e firmeza”
(Dondis, 2015: 150). Pelo seu turno, a ousadia associa-se ao original e não vulgar,
devendo o designer, por isso, “agir com audácia, segurança e confiança, uma vez
que seu objetivo é obter a máxima visibilidade” (Dondis, 2015: 150).
Neutralidade/ Ênfase
Segundo Dondis, a neutralidade
refere-se a uma “configuração menos provocadora de uma manifestação visual”
(Dondis, 2015: 151). Contrariamente, o ênfase procura destacar um único
elemento onde predomina a uniformidade de um outro elemento.
Transparência/Opacidade
A transparência implica que,
perante um elemento, seja possível ver algo atrás dele, demonstrando que a sua
cor não é totalmente densa e compacta. Por sua vez, a opacidade é exatamente o
inverso, isto é, trata-se de uma estrutura que bloqueia totalmente aquilo que
está atrás de si, sobrepondo-se.
Estabilidade/Variação
A estabilidade pressupõe, segundo Dondis, a
“compatibilidade visual e desenvolve uma composição dominada por uma abordagem
temática uniforme e coerente” (Dondis, 2015: 153). Já a variação implica
mutações frequentes.
Exatidão/ Distorção
“A exatidão é a técnica da
experiência visual e natural (…) e sua utilização pode implicar muitos truques
e convenções destinados a reproduzir as mesmas pistas visuais que o olho
transmite ao cérebro”. Por seu turno, a distorção deturpa o realismo,
procurando desviar-se da forma regular e, em muitos casos, da própria forma
real do objeto.
Planura/ Profundidade
O que rege estas duas técnicas é
a presença ou ausência de perspetiva. A impressão de planura e profundidade pode
ainda ser atenuada ou intensificada através do uso de efeitos de luz e sombra,
com o objetivo de sugerir ou de eliminar a dimensão.
Singularidade/ Justaposição
Segundo Dondis, a singularidade
“equivale a focalizar, numa composição, um tema isolado e independente, que não
conta com o apoio de quaisquer outros estímulos visuais” (Dondis, 2015: 156).
Pelo contrário, a justaposição exprime a interação entre diversos elementos de
comunicação.
Sequencialidade/ Acaso
A sequencialidade implica uma
ordem lógica formando, geralmente, uma ordem lógica. Pelo contrário, o acaso
não exige a existência de nenhuma ordem especifica, pelo contrário, os
elementos são apresentados, aparentemente, de forma aleatória, não sendo alvo
de qualquer planeamento.
Agudeza/ Difusão
A agudeza é conseguida através da
rigidez dos contornos gerando um efeito final claro e de fácil interpretação.
Contrariamente, a difusão é suave e os contornos não são vincadamente
demarcados.
Repetição/ Episodicidade
A repetição exige continuidade e
trata-se da “força coesiva que mantém unida uma composição de elementos
díspares” (Dondis, 2015: 159). Por sua vez, “as técnicas episódicas indicam, na
expressão visual, a desconexão, ou, pelo menos, apontam para a existência de
conecções muito frágeis” (Dondis, 2015: 159).
Perante esta exaustiva e
detalhada análise, podemos afirmar que é ampla a lista de técnicas de
comunicação visual e que a sua aplicação conduzirá a um design mais
estruturado, gerando mensagens visuais universais. Estas técnicas permitem,
simultaneamente, orientar e clarificar o artista, auxiliando-o no seu processo
criativo e executivo, na busca de uma linguagem visual por todos compreendida.

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